quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Paz e Gratidão


Ela chorou durante uma longa hora no banheiro. Naquele banheiro em que não era permitido chorar, durante um horário em que não era permitido chorar, por causa de alguém por quem não deveria chorar. Ela chorou, e na vigésima tentativa, uma voz atendeu o telefone. Era a voz que ela esperava desesperadamente ouvir, a voz que fez com que ela chorasse ainda mais. Voz cruel, raivosa e dura. Voz que disse coisas que não queria ouvir, voz que fez com que ela se sentisse coisas que não gostaria de sentir, voz que fez uma ficha cair.

Quando ela saiu daquele banheiro onde não era permitido chorar, um estranho a olhou com compaixão. É, compaixão de um mero desconhecido, de alguém que não deveria se importar com problemas alheios. Mas se importou. Aquele estranho não perguntou o porquê das lágrimas, mas o estranho lhe disse coisas boas, foi seu anjo da guarda, aquele tipo de anjo da guarda que é real, que existe por aí escondido e aparece quando a gente menos espera - e mais precisa.

E graças a ele, ela não quis mais chorar, não precisou mais. O estranho mostrou para ela que apenas ela era capaz, e perfeitamente capaz, de se fazer feliz, e isso bastou.

Um desconhecido mudou uma vida, ou pelo menos um dia. E no final sobraram apenas dois sentimentos: paz e gratidão.

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